No último dia 15/05, o canal de notícias ESHOJE publicou no seu INSTAGRAM uma foto que retrata um conjunto de bancos de concreto instalados no pátio interno da Penitenciária Estadual de Vila Velha (PEVVI), localizada no Complexo de Xuri. A afirmação era de que o formato da estrutura se assemelhava a uma suástica, símbolo do regime nazista liderado por Adolf Hitler, responsável pela perseguição a minorias e crimes contra a humanidade.

De fato, eles têm razão quanto à semelhança (veja a foto), mas acreditar que o projeto arquitetônico propositalmente contemplou essa “homenagem” é no mínimo doentio. Seria o mesmo que acusar de racismo o dono de um pé de mangas por conta de uma fruta que caíra na cabeça de uma pessoa preta.
Parece perda de tempo nos debatermos por conta de publicação tão absurda e aleatória, mas é através desse eterno “deixa pra lá” que os reis dos vieses e fenômenos de convencimento arrastam os incautos, pouco a pouco, para um abismo de interpretações previamente formatadas. Um símbolo nazista em uma penitenciária seria mais um reforço subconsciente na luta pelo convencimento da opinião pública acerca da política de desencarceramento em massa, por exemplo. Seria mais um indício da opressão, da ineficácia do encarceramento e por aí vai. Assim são trabalhadas as posições políticas e ideológicas, a conta-gotas, através de “jogos mentais” como esse.
Recordo-me do modelo mental conhecido como Navalha de Hanlon, atribuído a Robert J. Hanlon, algo que também é creditado por alguns a Napoleão Bonaparte. Esse modelo é sintetizado em uma única frase: “Nunca atribua malícia ao que pode ser adequadamente justificado pela falibilidade humana”.
Traduzindo: agir de forma racional nos exige testar todas as explicações que não envolvam intencionalidade, esse é o primeiro passo antes de atribuir malícia a determinado evento. Quando invocamos a razão no caso dos bancos “suástica”, instantaneamente a malícia é excluída da equação, restando apenas uma mera coincidência.
Se prefere outra explicação, apresento-lhe o fenômeno que a ciência chama de Pareidolia. Ele ocorre quando nos deparamos com uma imagem que não consta no nosso banco de dados (aquela disposição de bancos de concreto), nos levando a buscar conexão com algo familiar, no caso em apreço, seria a suástica.
Nossa mente tem necessidade de oferecer conclusões, mesmo que não sejam verdadeiras. Enxergar animais, objetos e até mesmo pessoas em nuvens é outro exemplo de Pareidolia.
Não poderia finalizar essa matéria sem parabenizar os servidores da Penitenciária Estadual de Vila Velha (PEVV I) por serem reconhecidamente referência em educação, cursos profissionalizantes, saúde, assistência jurídica e social para os seus internos.

Colunista Ten. Moraes – @moraespontaum
👮🏼♀️Tenente da PMES
🗣️Palestrante
👮🏼♀️Especialista em PAAR e Organizações Criminosas do ES.
🗣️Compartilhando verdades e algo mais.